Menu

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

QUEREMOS VER JESUS, CAMINHO, VERDADE E VIDA

Queremos ver Jesus, caminho, verdade e vida
(Jo 12,21b;14,6)

Ver Jesus é o desejo mais profundo e central do coração do ser humano. Este desejo profundo é o mesmo presente no coração daqueles gregos que tinham subido a Jerusalém para adorar durante a festa da Páscoa: “Eles se aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e disseram: Senhor, queremos ver Jesus”(Jo 12,21). O desejo de ver Jesus, de ir até ele, trata-se de uma imagem do evangelho de João que indica o caminho da fé. Fé que é dom e tarefa como se pode bem perceber na afirmação da encíclica de João Paulo II: “À plena contemplação do rosto do Senhor, não chegamos pelas nossas simples forças, mas deixando a graça conduzir-nos por sua mão (NMI 20). Porque não podemos chegar a ver Jesus simplesmente com nossas forças, a fé é dom. Por tratar-se de um processo dinâmico no qual somos chamados a deixar-nos conduzir pela graça, o que equivale a abrir-se docilmente à sua ação, a fé é tarefa.

Enquanto dom, a fé é, portanto, fruto da gra­ça que vem do Pai, como confirma o próprio Jesus ao acolher a confissão de Pedro em Cesaréia de Filipe: "Não foram a carne e o sangue que te revela­ram, mas meu Pai que está nos céus" (Mt 16,17).
Enquanto tarefa, a fé constitui-se a busca de melhor conhecer a Jesus, para melhor amá-lo e servi-lo. Este conhecimento é uma experiência, interna, afetuosa e mobilizadora, que nasce do en­contro pessoal com Jesus e se solidifica na vivência eclesial. Por ser esta vivência dinâmica, ela consti­tui-se um verdadeiro caminho, em cujo processo o católico é chamado a estar sempre pronto a dar razão de sua esperança, comprometendo-se com o serviço da caridade.

O caminho da fé, ao mesmo tempo que é um processo individual, pois depende de como cada pessoa corresponde livremente à graça, é também um ato comunitário, eclesial. Neste sentido, o católico ao participar da comunidade eclesial é auxiliado pela Igreja, sua mãe e mestra, que em sua missão evangelizadora anuncia o Evangelho de Jesus Cristo, sua pessoa, vida, morte e ressurrei­ção e que, por meio deste anúncio, proporciona o encontro pessoal com Cristo na comunidade de fé. Deste modo, ela ajuda cada pessoa a viver, a construir e a cultivar sua adesão a Cristo, no compromisso de segui-lo e na tarefa missionária de anunciá-lo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

As Aparições de Nossa Senhora de Fátima

Sexta Aparição de Nossa Senhora de Fátima

Dia 13 de Outubro.

A multidão assistiu, impressionada, ao
extraordinário Milagre do Sol.

Uma grande multidão rezava o Terço na Cova da Iria. Os três pastorinhos notaram
o reflexo de uma luz e, em seguida, viram Nossa Senhora sobre a azinheira.
Lúcia: “Que É que Vossemecê me quer?
Nossa Senhora: “Quero dizer-te que em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas”
Lúcia: “Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir. Se curava uns doentes e se convertia uns pecadores...
Nossa Senhora: “Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados”.
E, tomando um aspecto mais triste, disse:
Nossa Senhora: “Não ofendam mais a DEUS Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.
Em seguida, Nossa Senhora abrindo as mãos fez que elas se refletissem no sol, e começou a se elevar para o Céu.
Nesse momento, Lúcia apontou para o céu e gritou:
Lúcia: “Olhem para o sol!”
A multidão assistiu, então, ao grande milagre do sol. Enquanto isso, os pastorinhos viram São José com o Menino Jesus, e Nossa Senhora do Rosário.
Era a Sagrada Família. A Virgem estava vestida de branco, com um manto azul. São José também estava vestido de branco, e o Menino Jesus de vermelho claro. São José abençoou a multidão, traçando três vezes o Sinal da Cruz. O Menino Jesus fez o mesmo.
Lúcia então, teve a visão de Nossa Senhora das Dores, e de Nosso Senhor, acabrunhado de dor, no caminho do Calvário. Nosso Senhor traçou um Sinal da Cruz para abençoar o povo. Finalmente apareceu, numa visão gloriosa, Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e da Terra, com o Menino Jesus ao colo.
Enquanto os pastorinhos tinham essa visão, a grande multidão de quase 70 mil pessoas, assistiu ao milagre do sol.

Tinha chovido durante toda a aparição. Mas, no momento em que a Santíssima Virgem desaparecia, e que Lúcia gritou “olhem para o sol!”, as nuvens se entreabriram, deixando ver o sol como um imenso disco de prata.
Brilhava com intensidade jamais vista, mas não cegava. A imensa bola começou a “bailar”. Como uma gigantesca roda de fogo, girava rapidamente.
Parou por um certo tempo, mas, em seguida, começou a girar sobre si mesmo, vertiginosamente.
Depois, seus bordos tornaram-se vermelhos, e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas de fogo.
Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores.
Em seguida, por três vezes ficou animado de um movimento rápido. O globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada.
Durou tudo uns dez minutos. Finalmente o sol voltou em ziguezague para o ponto de onde se tinha precipitado, e ficou novamente tranqüilo e brilhante, com o mesmo brilho de todos os dias.
Muitas pessoas notaram que suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente.
O milagre do sol foi visto, também, por numerosas testemunhas que estavam fora do local das aparições, até a 40 quilômetros de distância.
O jornal “o século” de grande circulação em Portugal, documentou esse espetacular milagre do sol, e publicou uma grande reportagem sobre esse impressionante acontecimento

As Aparições de Nossa Senhora de Fátima

Quinta Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Setembro de 1917.

Nossa Senhora de Fátima
confiou três segredos à Lúcia,
que continuou A servindo
até o fim de sua vida.

Como das outras vezes uma série de fenômenos atmosféricos foram observados pelas pessoas que tinham ido à Cova da Iria. Calculou-se que estavam presentes entre 15 e 20 mil pessoas.
O súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do sol até o ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como que de pétalas ou flocos de neve, que desapareciam antes de pousarem na terra.
E desta vez, foi notado um globo luminoso, que se movia, lenta e majestosamente pelo céu de um para outro. E que, no final da aparição, moveu-se em sentido contrário.
Os três pastorinhos notaram, como de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, viram Nossa Senhora sobre a azinheira.
Nossa Senhora: “Continuem a rezar o Terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com
os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia”.
Lúcia: “Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: cura de alguns doentes, de um surdo-mudo”
Nossa Senhora: “Sim, alguns curarei, outros não. Em Outubro farei um milagre para que todos acreditem.
E, começando a elevar-se, desapareceu como de costume.

As Aparições de Nossa Senhora de Fátima

Quarta Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 15 de Agosto de 1917.

Quarta aparição: Lúcia, sentindo que alguma coisa de
sobrenatural se aproximava
e os envolvia, mandou
chamar Jacinta às pressas

Lúcia estava com Francisco e mais um primo, no local chamado Valinhos – uma propriedade de um de seus tios – quando, pelas 4 horas da tarde, começaram a se produzir as alterações atmosféricas que precediam as aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria. Ou seja, um súbito refrescar da temperatura e uma diminuição da luz do sol.
Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e os envolvia, mandou chamar às pressas Jacinta, a qual chegou em tempo para ver Nossa Senhora que
– anunciada, como das outras vezes, por um reflexo de luz – apareceu sobre a árvore chamada azinheira, um pouco maior que a da Cova da Iria, onde tinham-se dado as aparições anteriores.
Lúcia pergunta a Nossa Senhora:
Lúcia: “Que é que Vossemecê me quer?”
Nossa Senhora: “Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, e que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para
que todos acreditem”.
Lúcia: “Que é que Vossemecê quer que se faça do dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?”
Nossa Senhora: “Façam dois andores. Um, leva-o tu com a Jacinta, e mais duas meninas vestidas de branco. O outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar, é para a ajuda de uma capela que hão de mandar fazer”.
Lúcia: “Queria pedir-Lhe a cura de alguns doentes”.
Nossa Senhora: “Sim, alguns curarei durante o ano”
E, tomando um aspecto mais triste, recomendou-lhes que rezassem muito pelos pecadores:

Nossa Senhora: “Rezai, rezai muito, e fazei sacrifícios pelos pecadores; que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.
E, como de costume começou a elevar-se até desaparecer. Os pastorinhos cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha aparecido e levaram para casa os ramos exalavam um perfume suave.

As Aparições de Nossa Senhora de Fátima

Terceira Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Julho de 1917.

Representação da visão do inferno, descrita por Nossa Senhora aos pastorinhos durante a terceira aparição

Uma nuvenzinha pairou sobre a azinheira. O sol se ofuscou. Uma brisa fresca soprou sobre a terra, apesar de ser o auge do verão. Os pastorinhos viram o reflexo da luz – como nas aparições anteriores – e, em seguida, viram Nossa Senhora sobre a arvorezinha chamada azinheira.
Então, Lúcia pergunta a Nossa Senhora:
Lúcia: Vossemecê que me quer?
Nossa Senhora: Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vêm, que continuem a rezar o Terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”.
Lúcia: Queria pedir-lhe para nos dizer quem é, e para fazer um milagre, com que todos acreditem que vossemecê nos aparece.
Nossa Senhora: Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem sou, o que quero, e farei um milagre, que todos hão de ver para acreditarem.
Lúcia fez alguns pedidos de conversões, de curas e de outras graças.
Nossa Senhora responde recomendando sempre a reza do Terço, que assim alcançariam as graças durante o ano.
Depois acrescentou:
Nossa Senhora: “Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, e em especial sempre que fizerdes algum sacrifício:
Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.
Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos meses anteriores.
“O reflexo de luz (que delas saía) pareceu penetrar na terra. E vimos como que um grande mar de fogo. E, mergulhados nesse fogo, estavam os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados – semelhante
ao cair das fagulhas nos grandes incêndios – sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizavam e faziam estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa.
A visão durou apenas um momento, durante o qual Lúcia soltou um
Lúcia: “Ai!”
Assustados, e como a pedir socorro, as três crianças levantaram os olhos para Nossa Senhora, que lhes disse, com bondade e tristeza:
Nossa Senhora: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para salvá-las, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.
Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz.
A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite iluminada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá, de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome, e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para impedir isso, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, e a Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz. Se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados. O Santo Padre terá muito que sofrer. Várias nações serão aniquiladas.Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.
Em Portugal, conservar-se-á sempre o dogma da Fé. Isto não digais a ninguém. Ao Francisco sim, podeis dizê-lo.
E, passados uns instantes, Nossa Senhora disse aos pastorinhos:
Nossa Senhora: Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério:

Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem”.
Lúcia: “Vossemecê não me quer mais nada? “
Nossa Senhora: Não, hoje não te quero mais nada”.
E, como de costume, Nossa Senhora começou a elevar-se até desaparecer no céu. Ouviu-se, então, uma espécie de novo trovão, indicando que a aparição tinha terminado.

As Aparições de Nossa Senhora de Fátima

Segunda Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Junho de 1917.

Jacinta, Lúcia e Francisco:
os três pastorinhos
videntes de Fátima

Antes da segunda aparição, os pastorinhos notaram novamente um clarão, a que chamavam relâmpago, mas que não era propriamente um relâmpago. Era o reflexo de uma luz que se aproximava. Além dos pastorinhos, havia, também, cerca de 50 pessoas. Mas essas pessoas não viam Nossa Senhora.
Lúcia começou a falar com Nossa Senhora.

Lúcia: “Vossemecê que me quer? ”Nossa Senhora: “Quero que venhais aqui no dia treze do mês que vem. Que Rezeis o Terço todos os dias, e que aprendais a ler. Depois direi o que quero”
Lúcia pediu a cura de uma pessoa doente, e Nossa Senhora lhe disse:

Nossa Senhora: “Se se converter, curar-se-á durante o ano.”
Lúcia: “Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu”.
Nossa Senhora: “Sim. A Jacinta e o Francisco, levo-os em breve. Mas tu, ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação. E serão queridas de DEUS estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu trono”.
Lúcia: “Fico cá sozinha?”
Nossa Senhora: “Não filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio, e o caminho que te conduzirá até Deus”.
Foi no momento em que disse estas últimas palavras, que Nossa Senhora abriu as mãos e iluminou os pastorinhos, pela segunda vez, com o reflexo dessa luz imensa. Nela eles sentiram-se como que envolvidos por Deus.

À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um Coração cercado de espinhos, que pareciam estar cravados nele. Os três pastorinhos compreenderam que era o Imaculado Coração de Maria, ofendido pelos pecados da humanidade, que queriam ser reparados.
Nossa Senhora, envolta ainda na luz que dEla irradiava, elevou-se sem esforço, suavemente, até desaparecer

As Aparições de Nossa Senhora de Fátima

Primeira Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Maio de 1917.

Nossa Senhora aparece resplandecente aos pastorinhos, em 1917.

Lúcia, Francisco e Jacinta estavam brincando num lugar chamado Cova da Iria. De repente, observaram dois clarões como de relâmpagos, e em seguida viram, sobre a copa de uma pequena árvore chamada azinheira, uma Senhora de beleza incomparável.
Era uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, irradiando luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.
Sua face, indescritivelmente bela, não era nem alegre e nem triste, mas séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peito, e voltadas para cima. Da sua mão direita pendia um Rosário. As vestes pareciam feitas somente de luz. A túnica e o manto eram brancos com bordas douradas, que cobria a cabeça da Virgem Maria e lhe descia até os pés.
Lúcia jamais conseguiu descrever perfeitamente os traços dessa fisionomia tão brilhante. Com voz maternal e suave, Nossa Senhora tranqüiliza as três crianças, dizendo:
Nossa Senhora: “Não tenhais medo. Eu não vos farei mal.”
E Lúcia pergunta:
Lúcia: “Donde é Vossemecê?”
Nossa Senhora: “Sou do Céu!”

Lúcia: “E que é que vossemecê me quer?
Nossa Senhora: “Vim para pedir que venhais aqui seis meses seguidos, sempre no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Em seguida, voltarei aqui ainda uma sétima vez.”
Lúcia: “E eu também vou para o Céu?”
Nossa Senhora: “Sim, vais.”
Lúcia: “E a Jacinta?”
Nossa Senhora: “Também”
Lúcia: “E o Francisco?”
Nossa Senhora: “Também. Mas tem que rezar muitos terços”.
Nossa Senhora: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?”
Lúcia: “Sim, queremos”
Nossa Senhora: “Tereis muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto”.
Ao pronunciar estas últimas palavras, Nossa Senhora abriu as mãos, e delas saía uma intensa luz.
Os pastorinhos sentiram um impulso que os fez cair de joelhos, e rezaram em silêncio a oração que o Anjo havia lhes ensinado:
As três crianças: “Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.”
Passados uns momentos, Nossa Senhora acrescentou:
Nossa Senhora: “Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo, e o fim da guerra.”
Em seguida, cercada de luz, começou a elevar-se serenamente, até desaparecer.

NOSSA SENHORA APARECIDA: HISTÓRICO



Em síntese: Em 1717 três pescadores, após frustrada tentativa de apanhar peixes no rio Paraíba do Sul perto de Guaratinguetá (SP), colheram em suas redes o corpo de uma estátua de Maria SS. e, depois, a cabeça da mesma. A este fato se seguiu farta pescaria, que surpreendeu os três homens. Tendo limpado e recomposto a imagem, expuseram-na à veneração dos fiéis em casas de família. Verificaram-se, porém, alguns portentos, que chamaram a atenção do Pe. José Alves Vilela, pároco de Guaratinguetá. Este então decidiu construir para a Santa Mãe uma capela capaz de satisfazer ao crescente número de devotos da Virgem. Tal capela foi substituída por outra maior no morro dos Coqueiros em 1745, morro que tomou o nome de “Aparecida” (hoje cidade de Aparecida do Norte). Em 1846 foi iniciada a construção de templo mais vasto, que ainda hoje subsiste. No ano de 1980 foi concluída monumental basílica, alvo de peregrinações numerosas durante o ano inteiro. Em 1930 o Brasil foi solenemente consagrado a Nossa Senhora Aparecida pelo Cardeal D. Sebastião Leme na presença do Sr. Presidente da República e de numerosas autoridades religiosas, civis e militares.

Os acontecimentos de fins de 1995 chamaram a atenção para Maria Santíssima tal como é venerada em Aparecida do Norte (SP) e no Brasil inteiro na qualidade de Padroeira do nosso país. Sabe-se que tal devoção se deve a uma pesca surpreendente cercada de fatos extraordinárias, que suscitaram a piedade dos fiéis da região de Guaratinguetá e, posteriormente, a da população de todo o Brasil. Em 1930 a Virgem Santíssima foi proclamada Padroeira do Brasil sob o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (ou Nossa Senhora Imaculada em sua Conceição e Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul).¹

Já que versões diversas correm sobre o desenrolar dessas aparições e os atos subseqüentes, apresentaremos, a seguir, a genuína história dos eventos registrados.

AVE MARIA

Aparições da Virgem Maria

As aparições marianas (mariofanias), ao longo da História da Igreja, são fatos históricos, que a Autoridade Eclesiástica, após lento e prolongado exame, reconheceu e aprovou oficialmente. Esses acontecimentos são fatores de incremento do culto cristão à Mãe de Deus: festa litúrgica, santuário mariano, orações e invocações especiais, etc".
(Irmão Aleixo Maria Autran, marista)

Principais Aparições:
Nossa Senhora de Fátima (Portugal - 1917) " Rezai o terço todos os dias".
Nossa Senhora da Salete (França - 1846) "Vinde, meus filhos, não tenhais medo, aqui estou para vos contar uma grande novidade"!
Nossa Senhora das Graças (Paris - 1830) "Estes raios são o símbolo das ‘Graças’ que Maria Santíssima alcança para os homens".
Nossa Senhora de Lourdes (França - 1858) " Eu sou a Imaculada Conceição".
Nossa Senhora da Rosa Mística (Itália - 1947 a 1966) "Oração - Penitência - Reparação".
Nossa Senhora de Guadalupe ( México - 1531) " Sou a sempre Virgem Santa Maria, Mãe de Deus da Grande Verdade".

sábado, 11 de setembro de 2010

O que é Religião?

O que é religião?



Vamos começar primeiro falando sobre o termo religião. Religião é uma palavra que vem do latim. “re-ligare”, que significa “ligar com”, “ligar novamente”, restabelecer a ligação entre o homem e Deus. Entre criador e criatura. Esse é o significado da palavra.

Mas por que temos que reestabelecer essa ligação? Pelo simples fato de que essa ligação foi perdida. O homem perdeu o contato com Deus. Essa frase também sugere uma pergunta: Como você pode me provar que o homem perdeu a intimidade com Deus? Bom, para responder essa pergunta vale a pena olhar para a história e ver que desde sempre o homem tentou ligar-se com Deus. Desde o povo mais primitivo, sempre houve uma religião. O ser humano desde que se entende por pessoa, sente a necessidade do eterno.



Só Deus satisfaz…

(São Tomás de Aquino – Séc XIII)

A Bíblia nos fala sobre isso usando a parábola que vemos em Gênesis, sobre a Adão e Eva. Na verdade esse primeiro trecho de Genêsis (do capítulo 1 ao capítulo 11) a Igreja entende que é uma grande parábola. Nos serve para ter uma visão da criação, dentro do plano espiritual. A Igreja entende que não podemos ver esse trecho do livro de Gênesis ao pé da letra, até porque a Bílbia não é um livro científico, mas um livro de fé. Buscar a verdade sobre a origem do universo não cabe a Igreja, mas a ciência (Caso você tenha alguma dúvida sobre como a Igreja vê a Fé e a Razão, vale a pena ler o documento Fides et Ration do saudoso Papa João Paulo II). Porém a Igreja afirma que seja qual for a verdade, sobre a origem da humanidade, ela partiu de Deus e sem ele nada poderia ser feito. Hoje muito se fala sobre o Big Bang, mas muito embora não haja provas concretas sobre essa tal explosão, a Igreja não descarta isso. Apenas diz que se um dia essa tal explosão for comprovada como verdade, ela teria como origem o próprio Deus.

Estou fazendo essa ressalva para que você entenda o contexto do que vou apresentar a você. Quando falamos de Adão, estamos falando do primeiro homem que existiu na terra. É assim que Gênesis denomina o primeiro homem. Não se sabe quando, onde ou como foi criado. Sabe-se apenas que houve um primeiro homem. A Bíblia diz que esse homem fora criado para ter intimidade com Deus. Para conversar com Deus sempre. Em Gênesis, vemos que o Jardim do Éden é o lugar onde o homem habitava junto com Deus. Diz o Gênesis que Deus caminhava com Adão pelo Jardim, tamanha era proximidade de Deus.

A natureza do homem é essa. O homem é um ser religioso por natureza. Foi criado para ser íntimo de Deus. Tem o desejo de Deus dentro de si. Para comprovar isso, olhe para dentro de você. Existe no ser humano um vazio que dinheiro nenhum no mundo compra, festa nenhuma preenche, pessoa, poder, status, bens… Nada resolve. Isso tem nome. Se chama desejo de Deus.



O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.

(CIC§27)

O homem traz em si esse desejo do Divino, do Eterno. Isso é próprio do homem. Está em mim e está ti. Não há como negar essa realidade. E isso é parte integrante da condição humana. O homem traz em si um vocação: É chamado a comunhão com Deus.

Mesmo que o homem rejeite a Deus, esse mesmo Deus não cessa de chamar o homem para junto de si. Cabe ao homem escolher o seu caminho. Ou aceita a Deus, ou rejeita a Deus. Caso o homem queira caminhar para junto de Deus, ele vai precisar de um esforço a mais para encontrá-lo. Precisa ter vontade, precisa ter um coração reto, colocar sua inteligência nessa busca e sobretudo, precisa ter contato com outros que estão nessa busca. Não basta apenas ter uma natureza religiosa. Não suficiente apenas ser um ser religioso. É preciso buscar a forma correta de se ligar com Deus.

Mas não desanime! Caso você decida-se por Deus, saiba e creia que Deus já se decidiu por você. Por isso dizemos como o Salmista:



Alegre-se o coração dos que buscam o Senhor

(Sl 105,3)



terça-feira, 7 de setembro de 2010

PENTECOSTES

<> Pentecostes <>

Comemoração litúrgica - Domingo seguinte à Ascensão do Senhor



Os judeus tinham uma festa de Pentecostes, que se celebrava 50 dias após a páscoa. Nesta festa, recordavam o dia em que Moisés subiu ao monte Sinai e recebeu as tábuas da Lei, contendo os ensinamentos dirigidos ao povo de Israel. Celebravam assim, a aliança do Antigo testamento que o povo estabeleceu com Deus: Eles se comprometeram a viver segundo seus mandamentos e Deus se comprometeu a estar sempre com eles.

Vinham pessoas de todos os cantos para a festa de Pentecostes no Templo de Jerusalém. Deus havia prometido mandar seu espírito em ocasiões diversas: Durante a Última Ceia, Jesus lhes promete a seus apóstolos o seguinte: “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco. O Espírito da verdade, quem o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque ficará convosco e estará em vós.” (Jo 14, 16-17)

Mais adiante lhes disse: “Disse-vos estas coisas, permanecendo convosco. Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 25-26)

Ao terminar a cena, volta a fazer a mesma promessa: “Contudo, digo-vos a verdade, a vós convém que eu vá; se eu não for, não virá a vós o Consolador; mas, se eu for, vo-lo enviarei. Ele, quando vier, argüirá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Sim, do pecado, porque não creram em mim; da justiça, porque vou para o Pai e vós não mais me vereis; Enfim, do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora. Quando, porém, vier o Espírito da verdade, conduzir-vos-á à verdade integral. Pois, não há de falar de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciarão as coisas que estão por vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo anunciará.” (Jo 16, 7-14)

No calendário do ano litúrgico, comemora-se Pentecostes no domingo subseqüente à festa da Ascensão de Jesus. O significado do termo para os católicos, representa a festa celebrada pela Igreja 50 dias após a Ressurreição de Jesus (Páscoa).

Depois da Ascensão de Jesus, encontravam-se os apóstolos reunidos com a Mãe de Deus. Era o dia da festa de Pentecostes. Os apóstolos tinham medo de sair para pregar. Repentinamente, escutou-se um forte vento e línguas de fogo pousaram sobre cada um deles. Cheios do Espírito Santo, passaram a falar em línguas desconhecidas. Nesses dias, haviam muitos estrangeiros em Jerusalém, que vinham de todas as partes do mundo para celebrar a festa de Pentecostes judia. Cada um ouvia falar os apóstolos em sua própria língua e compreendiam perfeitamente o que eles falavam. Todos eles, nesses dias, não tiveram medo e saíram a pregar ao mundo os ensinamentos de Jesus. O Espírito Santo lhes concedeu forças para a grande missão que tinham de cumprir: Levar a Palavra de Jesus a todas as nações e batizar todos os homens em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

O Espírito Santo de Deus é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja nos ensina que o Espírito Santo é o amor que existe entre o Pai e o Filho. Este amor é tão grande e perfeito que forma uma terceira pessoa. O Espírito Santo enche nossas almas no Batismo e depois, de maneira perfeita, na Confirmação. Com o amor divino de Deus dentro de nós, somos capazes de amar a Deus e ao próximo. O Espírito Santo nos ajuda a cumprir nosso compromisso de vida com Jesus.

Sinais do Espírito Santo - O vento, o fogo e a pomba

Estes símbolos nos revelam o poder que o Espírito Santo nos dá: O vento é uma força invisível, porém, real. Assim é o Espírito Santo. O fogo, é um elemento que limpa. O Espírito Santo é uma força invisível e poderosa que habita em nossos corações e purifica nosso egoísmo para dar espaço ao amor. A pomba representa a simplicidade e a pureza que devemos cultivar em nosso coração.

Nomes do Espírito Santo

O Espírito tem recebido diversos nomes ao longo do Novo testamento: O Espírito de Verdade, o Advogado, o Paráclito, o Consolador, o Santificador.

Missão do Espírito Santo

1. O Espírito Santo é santificador: Para que o Espírito Santo possa cumprir com sua função, é necessário que nos entreguemos totalmente a Ele e deixemo-nos conduzir docilmente por suas inspirações, para que possamos nos aperfeiçoar e crer todos os dias na santidade.

2. O Espírito Santo mora em nós: Em João 14, 16, encontramos a seguinte passagem: “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco”. Também em I Coríntios 3, 16: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”. E por esta razão é que devemos respeitar nosso corpo e nossa alma. Está em nós, porque é o “doador da vida” e do amor. Se nos entregarmos à sua ação amorosa e santificadora, fará maravilhas em nós.

3. O Espírito Santo ora em nós: Necessitamos de um grande silêncio interior e de uma profunda pobreza espiritual para pedir que ore em nós o Espírito Santo. Deixar que Deus ore em nós sendo dóceis ao Espírito. Deus intervém por aqueles que o amam.

4. O Espírito Santo nos leva a verdade plena: Ele nos fortalece para que possamos ser testemunhas do Senhor, nos mostra a maravilhosa riqueza da mensagem cristã, nos enche de amor, de paz, de gozo, de fé e crescente esperança.

O Espírito Santo e a Igreja:

Desde a fundação da Igreja no dia de Pentecostes, o Espírito Santo é quem a constrói, anima e santifica, lhe dá vida e unidade e a enriquece com seus dons. O Espírito Santo segue trabalhando na Igreja de muitas maneiras distintas, inspirando, motivando e impulsionando os cristãos, em forma individual ou como Igreja num todo, ao proclamar a Boa Nova de Jesus.

Por exemplo, inspira ao Papa a levar suas mensagens apostólicas à humanidade; inspira o bispo de uma diocese a promover determinado apostolado, etc.

O Espírito Santo assiste especialmente ao Representante de Cristo na Terra, o Papa, para que guie retamente a Igreja e cumpra seu trabalho de pastor do rebanho de Jesus Cristo.

O Espírito Santo constrói, santifica, dá vida e unidade à Igreja.

O Espírito Santo tem poder de nos animar e nos santificar e lograr êxito em nossos atos que, por nossas forças, jamais realizaríamos. Isto o faz através de seus sete dons. (7 dons do espírito Santo -



ORAÇÃO AO DIVINO ESPÍRITO SANTO

Vinde, Espírito Santo,

enchei os corações dos vossos fiéis

e acendei neles o fogo do Vosso amor.

Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado,

e renovareis a face da terra.

Oremos

Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com

a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas

segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da Sua consolação.

Por Cristo, Senhor nosso.

Amém.



Os sete dons do Espírito Santo





Estes dons são graças de Deus e, só com nosso esforço, não podemos fazer com que cresçam e se desenvolvam. Necessitam de uma ação direta do Espírito Santo para podermos atuar dentro da virtude e perfeição cristã.

No Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, reside o Amor Supremo entre o Pai e o Filho. Foi pelo Divino Espírito Santo que Deus se encarnou no seio de Maria Santíssima, trazendo Jesus ao mundo para nossa salvação. Peçamos à Maria, esposa do Espírito Santo, que interceda por nós junto a Deus concedendo-nos a graça de recebermos os divinos dons, apesar de nossa indignidade, de nossa miséria. Nas Escrituras, o próprio Jesus quem nos recomenda: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (MT VII, 7s).



1. Fortaleza - Por essa virtude, Deus nos propicia a coragem necessária para enfrentarmos as tentações, vulnerabilidade diante das circunstâncias da vida e também firmeza de caráter nas perseguições e tribulações causadas por nosso testemunho cristão. Lembremo-nos que foi com muita coragem, com muito heroísmo, que os santos desprezaram as promessas, as blandícias e ameaças do mundo. Destes, muitos testemunharam a fé com o sacrifício da própria vida. O Espírito Santo lhes imprimiu o dom da Fortaleza e só isto explica a serenidade com que encontraram a morte! Que luta gloriosa não sustentaram! Agora gozam de perfeita paz, em união íntima com Jesus, de cuja glória participam. Também nós, havemos de combater diariamente para alcançar a coroa eterna. Vivemos num mundo cheio de perigos e tentações. A alma acha-se constantemente envolta nas tempestades de paixões revoltadas. Maus exemplos pululam e as inclinações do coração constantemente dirigem-se para o mal. Resistir a tudo isto requer em primeiro lugar muita oração, força de vontade e combate resoluto. Por esta virtude, a alma se fortalece para praticar toda a classe de atos heróicos, com invencível confiança em superar os maiores perigos e dificuldades com que nos deparamos diariamente. Nos ajuda a não cair nas tentações e ciladas do demônio.

2. Sabedoria - O sentido da sabedoria humana reside no reconhecimento da sabedoria eterna de Deus, Criador de todas as coisas que distribui seus dons conforme seus desígnios. Para alcançarmos a vida eterna devemos nos aliar a uma vida santa, de perfeito acordo com os mandamentos da lei de Deus e da Igreja. Nisto reside a verdadeira sabedoria que, como os demais, não é um dom que brota de baixo para cima, jamais será alcançada por esforço próprio. É um dom que vem do alto e flui através do Espírito Santo que rege a Igreja de Deus sobre a terra. Nos permite entender, experimentar e saborear as coisas divinas, para poder julgá-las retamente.

3. Ciência - Nos torna capazes de aperfeiçoar a inteligência, onde as verdades reveladas e as ciências humanas perdem a sua inerente complexibilidade. Nossas habilidades com as coisas acentuam-se progressivamente em determinadas áreas, conforme nossas inclinações culturais e científicas, sempre segundo os desígnios divinos, mesmo que não nos apercebamos disso. Todo o saber vem de Deus. Se temos talentos, deles não nos devemos orgulhar, porque de Deus é que os recebemos. Se o mundo nos admira, bate aplausos aos nossos trabalhos, a Deus é que pertence esta glória, a Deus, que é o doador de todos os bens.

4. Conselho - Permite à alma o reto discernimento e santas atitudes em determinadas circunstâncias. Nos ajuda a sermos bons conselheiros, guiando o irmão pelo caminho do bem. Hoje, mais do que nunca está em foco a educação da mocidade e todos reconhecem também a importância do ensino para a perfeita formação da criança. As dificuldades internas e externas, materiais e morais, muitas vezes passam pelo dom do Conselho, sem disto nos apercebermos. É uma responsabilidade, portanto, cumprir a vontade de Deus que destinou o homem para fins superiores, para a santidade. Para que possamos auxiliar o próximo com pureza e sinceridade de coração, devemos pedir a Deus este precioso dom, com o qual O glorificaremos aos mostrarmos ao irmão as lições temporais que levam ao caminho da salvação. É sob a influência deste ideal que a mãe ensina o filhinho a rezar, a praticar os primeiros atos das virtudes cristãs, da caridade, da obediência, da penitência, do amor ao próximo.

5. Entendimento - Torna nossa inteligência capaz de entender intuitivamente as verdades reveladas e naturais, de acordo com o fim sobrenatural que possuem. A aparente correlação não significa que quem possui a sabedoria, já traga consigo o entendimento por conseqüência (ou vice-versa). Existe uma clara distinção entre um e o outro. Para exemplificar: Há fiéis que entendem as contemplações do terço, mas o rezam por obrigação ou mecanicamente (Possuem o dom do entendimento). Há outros que, por sua simplicidade, nunca procuraram entender o seu significado, mas praticam sua reza com sabor, devoção e piedade, ignorando seu vasto sentido (possuem o dom da Sabedoria). Este exemplo, logicamente, se aplica às ciências naturais e divinas, logo ao nosso dia-a-dia. Não sendo um conseqüencia do outro, são distintamente preciosos e complementam-se mutuamente, nos fazem aproximar de Deus com todas as nossas forças, com toda a nossa devoção e inteligência e sensível percepção das coisas terrenas, que devem estar sempre direcionadas às coisas celestes.

6. Piedade - É uma graça de Deus na alma que proporciona salutares frutos de oração e práticas de piedade ensinadas pela Santa Igreja. Nos dias de hoje, considerando a população mundial, há poucas, muito poucas pessoas que acham prazer em serem devotas e piedosas; as poucas que o são, tornam-se geralmente alvo de desprezo ou escárneo de pessoas que tem outra compreensão da vida. Realmente, é grande a diferença que há entre um e outro modo de viver. Resta saber qual dos dois satisfaz mais à alma, qual dos dois mais consolo lhe dá na hora da morte, qual dos dois mais agrada a Deus. Não é difícil acertar a solução do problema. Num mundo materialista e distante de Deus, peçamos a graça da piedade, para que sejamos fervorosos no cumprimento das escrituras.

7. Temor de Deus - Teme a Deus quem procura praticar os seus mandamentos com sinceridade de coração. Como nos diz as Escritura, devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus, e o resto nos será dado por acréscimo. O mundo muitas vezes sufoca e obscurece o coração. Todas as vezes que transigências fizemos às tentações, com certeza desprezamos a Deus Nosso Senhor. Quantas vezes preferimos a causa dos bens miseráveis deste mundo e esquecemo-nos de Deus! Quantas vezes tememos mais a justiça dos homens do que a justiça de Deus! Santo Anastácio a este respeito dizia: "A quem devo temer mais, a um homem mortal ou a Deus, por quem foram criadas todas as coisas?". Não esqueçamos, portanto, de pedir ao Deus Espírito Santo a graça de estarmos em sintonia diária com os preceitos do Criador. Por este divino dom, torna-se Deus a pessoa mais importante em nossa vida, onde a alma docemente afasta-se do erro pelo temor em ofendê-Lo com nossos pecados.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DIDAQUÉ

Didaqué


Introdução

Didaqué significa «instrução» ou "doutrina». Trata-se de um escrito que data de fins do Séc. I de nossa era e, portanto, bem próximo dos escritos do Novo Testamento. O nome «Instrução dos Doze Apóstolos» lembra At 2,42 ("o ensinamento dos apóstolos"), mas é difícil que a obra tenha sido escrita por algum deles ou seja de um só autor. Os estudiosos hoje estão de acordo em dizer que ela é fruto da reunião de várias fontes escritas ou orais, que retratam a tradição viva das comunidades cristas do Séc. 1. Os lugares mais prováveis de sua origem são a Palestina ou a Síria.

A Didaqué é um manual de religião ou, melhor dizendo, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos. Esse documento nos permite conhecer as origens do cristianismo, e principalmente nos dá uma ideia de como eram a iniciação cristã, as celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades. O autor (ou autores) pertence ao meio judaico-cristão, e dirige seu ensinamento a comunidades formadas por convertidos vindos principalmente do paganismo.

O conteúdo e o estilo da Didaqué lembram imediatamente muitos textos do Antigo e do Novo Testamento, bem como outros escritos criados do séc. 1 d.C. O tom e os temas de muitas exortações se parecem bastante com os da literatura sapiencial e diversos trechos dos evangelhos. Dessa forma, esse catecismo das comunidades da Igreja Primitiva é testemunho vivo de como os primeiros cristãos se alimentavam da Palavra de Deus contida nas Escrituras, transformando e interpretando os textos bíblicos em vista de suas necessidades e situações.

A leitura da Didaqué faz logo sentir que as comunidades cristãs daquele tempo ainda não estavam completamente estruturadas. As comunidades não têm representante oficial fixo (padre ou vigário), os bispos e diáconos são mencionados de passagem, e não sabemos bem quais funções exerciam. Fala-se diversas vezes em «apóstolos, profetas e mestres", dando a impressão de que eram propriamente pregadores itinerantes a serviço de diversas comunidades. Por outro lado, nota-se que a liturgia é também muito simples e se resume a celebrações feitas em clima doméstico. Os sacramentos mencionados pertencem à iniciação cristã - batismo, confissão, eucaristia - e parecem ser todos administrados pela comunidade, e não por um membro do clero, ainda inexistente.

Visível, contudo, do clima que a comunidade vive, dentro de uma sociedade estruturalmente pagã. A preocupação de não se confundir com o ambiente, de não se deixar manipular por aproveitadores oportunistas (até mesmo disfarçados de profetas), a esperança um pouco nervosa de uma escatologia próxima e o tema da perseverança heróica no caminho da fé são características das comunidades nascentes, que ainda estão descobrindo sua vocação e missão no mundo.



* * *





A Didaqué é um convite para as comunidades cristãs em formação descobrirem sua origem e jovialidade próprias. Ela nos faz lembrar que a fonte inspiradora do comportamento, da oração e das celebrações é a Bíblia. Sobretudo, mostra que o cristianismo não é devoção individualista, mas um caminho comunitário em que todos os setores da vida e do comportamento devem ser penetrados pela Palavra de Deus e pela oração. Na sua simplicidade e profundidade, estimula a viver a vida cotidiana à luz do Evangelho vivo, dentro de um discernimento que frutifica em atos novos, geradores de fraternidade e partilha. Escrita principalmente para os pagãos (nações), ela ainda salienta que o cristianismo não é uma redoma onde a comunidade se refugia, mas um fermento que se expande para transformar toda a sociedade



.



DIDAQUE



INSTRUÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS



Instrução do Senhor para as nações, por meio dos doze apóstolos



Traduzido para o português a partir do texto (em inglês) de

J. B. Lightfoot, Athena Data Products, 1990.





A. OS DOIS CAMINHOS



Capítulo 1



1Existem dois caminhos: um é o caminho da vida, e outro, o da morte. A diferença entre os dois é grande.



Viver é amar



2 O caminho da vida é este: Em primeiro lugar, ame a Deus, que criou você. Em segundo lugar, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça a outro nada daquilo que você não quer que façam a você.

3 0 ensinamento que deriva dessas palavras é o seguinte: Bendigam aqueles que os amaldiçoam e rezem por seus, inimigos, e ainda jejuem por aqueles que os perseguem. Com efeito, se vocês amam aqueles que os amam, que graça vocês merecem? Os pagãos não fazem o mesmo? Quanto a vocês, amem aqueles que os odeiam, e vocês não terão nenhum inimigo.



A violência do amor



4 Não se deixe levar pelos impulsos instintivos. Se alguém lhe dá uma bofetada na face direita, ofereça-lhe também a outra face, e você será perfeito. Se alguém o força a acompanhá-lo pelo espaço de um quilômetro, acompanhe-o por dois; se alguém tira o seu manto, entregue-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que pertence a você, não a peça de volta, pois você não poderá fizer isso.



O amor de partilha



5 Dê a quem pede a você e não peça para devolver, pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Feliz aquele que dá conforme o mandamento, porque será considerado inocente. Aí de quem recebe: se recebe por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebe sem ter necessidade, deverá prestar contas do motivo e da finalidade pelos quais recebeu. Será posto na prisão e interrogado sobre o que fez; e dai não sairá até que tenha devolvido o último centavo.

6 A esse respeito, também foi dito: Que a sua esmola fique suando nas mãos, até que você saiba para quem a está dando.





Exigências do amor ao próximo



Capítulo 2



• • 1 O segundo mandamento da instrução é este:

2 Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique magia, nem feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha nascido.

3 Não cobice os bens do próximo, não jure falso, nem preste falso testemunho. Não seja maledicente, nem vingativo.

4 Não seja duplo no pensar e no falar, porque a duplicidade é armadilha mortal.

5 Que a sua palavra não seja falsa ou vazia, mas se comprove na prática.

6 Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.

7 Não odeie a ninguém, mas corrija uns, reze por outros, e ainda ame aos outros, mais do que a si mesmo.



• • As raízes do mal e do bem

Capítulo 3



• • 1 Meu filho, procure evitar tudo o que é mau e tudo o que se pareça com o mal.

2 Não seja colérico, porque a ira conduz para a morte. Também não seja ciumento, nem briguento ou violento, porque os homicídios nascem de todas essas coisas.

3 Meu filho, não seja cobiçoso de mulheres, porque a cobiça leva à fornicação. Evite falar obscenidades e olhar com malícia, pois os adultérios surgem de todas essas coisas.

4 Meu filho, não seja dado à adivinhação, pois a adivinhação leva à idolatria. Também não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre essas coisas, pois de todas essas coisas provém a idolatria.

5 Meu filho, não seja mentiroso, porque a mentira leva ao roubo. Não seja ávido de dinheiro, nem cobice a fama, porque os roubos nascem de todas essas coisas.

6 Meu filho, não seja murmurador, porque a murmuração leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa, pois as blasfêmias nascem de todas essas coisas,

7 Seja manso, porque os mansos receberão a terra como herança.

8 Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranqüilo e bom, respeitando sempre as palavras que você tiver ouvido.

9 Não se engrandeça a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os "grandes", mas converse com os justos e pobres.

10 Aceite como boas as coisas que lhe acontecem, sabendo que nada acontece sem o consentimento de Deus.



A pessoa inserida na comunidade



Capítulo 4



1 Meu filho, lembre-se dia e noite daquele que anuncia a palavra de Deus para você e honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois o Senhor está presente onde é anunciada a soberania do Senhor,

2 Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis, para encontrar apoio nas palavras deles.

3 Não provoque divisão. Pelo contrário, reconcilie aqueles que brigam entre si. Julgue de modo justo, corrigindo as culpas sem &zer diferença entre as pessoas.

4 Não fique hesitando sobre o que vai ou não acontecer.

5 Não seja como os que estendem a mão na hora de receber e a retiram na hora de dar.

6 Se você ganha alguma coisa com o trabalho de suas mãos, ofereça-o como reparação por seus pecados.

7 Não hesite em dar, nem dê reclamando, pois você sabe quem é o verdadeiro remunerador da sua recompensa.

8 Não rejeite o necessitado. Divida tudo com o seu irmão, e não diga que são coisas suas. Se vocês estão unidos nas coisas que não morrem, tanto mais nas coisas perecíveis.

9 Não se descuide de seu filho ou de sua filha; pelo contrário, instrua-os desde a infância no temor de Deus.

10 Não dê ordens com rudeza ao seu servo ou à sua serva, pois eles esperam no mesmo Deus que você, para que não percam o temor de Deus, que está acima de uns e outros. Com efeito, ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas aqueles que o Espírito preparou.

11 Quanto a vocês, servos, sejam submissos aos seus senhores, com respeito e reverência, como à imagem de Deus.

12 Deteste toda hipocrisia e tudo o que não seja agradável ao Senhor.

13 Não viole os mandamentos do Senhor. Guarde o que você recebeu, sem nada acrescentar ou tirar,

14 Confesse as suas faltas na reunião dos fiéis, e não comece a sua oração com má consciência.

Este é o caminho da vida.



O caminho da morte



Capítulo 5



1 O caminho da morte é este: Em primeiro lugar, é mau e cheio de maldições: homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias, práticas mágicas, feitiçarias, rapinas, frisos testemunhos, hipocrisias, duplicidade de coração, fraude, orgulho, maldade, arrogância, avareza, conversa obscena, ciúme, insolência, altivez, ostentação e ausência de temor de Deus.

2 Par esse caminho andam os perseguidores dos bons, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os que ignoram a recompensa da justiça, os que não desejam o bem nem o julgamento justo, os que não ficam atentos para o bem, mas para o mal. Deles está longe a calma e a paciência; são amantes das coisas vis, ávidos de recompensas, não se compadecem do pobre, não se importam com os atribulados, não reconhecem o seu Criador. São ainda assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam o necessitado, oprimem o aflito, defendem os ricos, são juizes injustos com os pobres e, por fim, são pecadores consumados.

• • Filhos, afastem-se de tudo isso.

Perfeição é servir ao Senhor



Capítulo 6



1 Fique atento para que ninguém o afaste deste caminho da instrução, pois aquele ensinaria a você coisas que não pertencem a Deus.

2 Se puder carregar todo o jugo do Senhor, você será perfeito. Se isso não for possível, faça o que puder.



3 Quanto à comida, observe o que você puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos, porque esse é um culto a deuses mortos.





B. CELEBRAÇÃO DA VIDA



Capítulo 7



O batismo



1 Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

2 Se você não tem água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente.

3 Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

4 Antes do batismo, tanto aquele que batiza como aquele que vai ser batizado~ e se outros puderem também, observem ojejum. Aquele que vai ser batizado, você deverá ordenar jejum de um ou dois dias.





Capítulo 8



O jejum e a oração



1 Que os jejuns de vocês não coincidam com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e

no quinto dia da semana. Vocês, porém, jejuem no quarto dia e no dia da preparação.

2 Não rezem como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou no seu Evangelho. Rezem assim: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia, perdoa a nossa divida, assim como também nós perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o poder e a glória para sempre".

3 Rezem assim três vezes por dia.





Capítulo 9



A celebração eucarística



1 Celebrem a Eucaristia deste modo:

2 Digam primeiro sobre o câlice: «Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre".

3 Depois digam sobre o pão partido: «Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.

4 Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre".

5 Ninguém coma nem beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre isso o Senhor disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".



Capítulo 10



Agradecimento depois da eucaristia



• • 1 Depois de saciados, agradeçam deste modo:

2 Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.

3 Tu, Senhor Todo-Poderoso, criaste todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espirituais, e uma vida eterna por meio do teu servo.

4 Antes de tudo, nós te agradecemos porque és poderoso. A ti a glória para sempre.

5 Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu reino que lhe preparaste, porque teu do poder e a glória para sempre.

6 Que a tua graça venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Quem é fiel, venha; quem não é fiel, converta-se. Maran atá, Amém."

7 Deixem os profetas agradecer à vontade.



C. VIDA COMUNITÁRIA



Capítulo 11



Verdadeiros e falsos pregadores



1 Se alguém vier até vocês ensinando tudo o que foi dito antes, deve ser acolhido.

2 Mas se aquele que ensina for perverso e expuser outra doutrina para destruir, não lhe dêem atenção. Contudo, se ele ensina para estabelecer a justiça e o conhecimento do Senhor, vocês devem acolhê-lo como se fosse o Senhor.

3 Quanto aos apóstolos e profetas, procedam conforme o princípio do Evangelho.

4 Todo apóstolo que vem até vocês seja recebido como o Senhor.

5 Ele não deverá ficar mais que um dia ou, se for necessário, mais outro. Se ficar por três dias, é um falso profeta.

6 Ao partir, o apóstolo não deve levar nada, a não ser o pão necessário até o lugar em que for parar. Se pedir dinheiro, é um falso profeta.

7 Não coloquem à prova nem julguem um profeta que em tudo fala sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.

8 Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É assim que vocês reconhecerão o falso e o verdadeiro profeta.

9 Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa, não deve comer dela. Caso contrário, trata-se de um friso profeta.

10 Todo profeta que ensina a verdade, mas não pratica o que ensina, é um falso profeta.

11 Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas não ensina a fazer como ele faz, não será julgado por vocês, Ele será julgado por Deus. Assim também fizeram os antigos profetas.

12 Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Contudo, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.







Capítulo 12



Hospitalidade com discernimento



1 Acolham todo aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examinem para conhecê-lo, pois vocês têm juízo para distinguir a esquerda da direita.

2 Se o hóspede estiver de passagem, dêem-lhe ajuda no que puderem; entretanto, ele não permanecerá com vocês, a não ser por dois dias, ou três, se for necessário.

3 Se quiser estabelecer-se com vocês e tiver uma profissão, então trabalhe para se sustentar.

4 Se ele, porém, não tiver profissão, procedam conforme a prudência, para que um cristão não viva ociosamente entre vocês.

5 Se ele não quiser aceitar isso, é um comerciante de Crista Tenham cuidado com essa gente.





Capítulo 13



Sustentação do profeta



1 Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se entre vocês é digno do seu alimento.

2 Da mesma forma, também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como todo operário.

3 Por isso, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê para os profetas, pois eles são os sumos sacerdotes de vocês.

4 Se, porém, vocês não têm nenhum profeta, dêem aos pobres.

5 Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.

6 Da mesma forma, ao abrir uma vasilha de vinho ou de óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.

7 Tome uma parte do seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê conforme o preceito.





Capítulo 14



A celebração dominical



1 Reunam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro.

2 Aquele que está de briga com seu companheiro, não poderá juntar-se a vocês antes de se ter reconciliado, para que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado.

3 Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro, porque eu sou um grande rei, diz o Senhor, e o meu Nome é admirável entre as nações".













Capítulo 15



A vivência comunitária



• • 1 Escolham para vocês bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens

mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados, porque eles também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.

2 Não os desprezem, porque entre vocês eles têm a mesma dignidade que os profetas e mestres.

3 Corrijam-se mutuamente, não com ódio, mas com paz, como vocês têm no Evangelho. E ninguém fale com nenhuma pessoa que tenha ofendido próximo; que essa pessoa não escute nenhuma palavra de vocês, até que se tenha arrependido.

4 Façam suas orações, esmolas e todas as ações, da forma que vocês têm no Evangelho de nosso Senhor.





D. PERSEVERAR ATE O FIM



Capítulo 16



1 Vigiem sobre a vida de vocês. Não deixem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos rins, Fiquem preparados, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai chegar.

2 Reúnam-se com freqüência para procurar o que convém a vocês. Porque de nada lhes servirá todo o tempo que vocês viveram a fé, se no último momento vocês não estiverem perfeitos.

3 De fato, nos últimos dias, os falsos profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se transformará em ódio,

4 Crescendo a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.

5 Então toda criatura humana passará pela prova de fogo, e muitos ficarão escandalizados e perecerão. Contudo, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.

6 Então aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.

7 Ressurreição sim, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá, e todos os santos estarão com ele".

8 Então o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu.























Explicações



Explicações do Pe. Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin – "Didaqué – O catecismo dos primeiros cristão para as comunidades de hoje" – São Paulo: Edições Paulinas, 1989.





Cap. 1 a 4 - Catequese fundamental para aqueles que desejam viver e se comportar de modo cristão. O caminho da vida é apresentado nos capítulos 1-4; o da morte, no capítulo 5; o capítulo 6 traz a exortação final desta parte.



1,1 - 0 cristão deve fazer uma escolha fundamental, que definirá toda a sua vida e destino. Não é possível andar com os pés em duas canoas. Só há um caminho que produz vida e realização. Os outros caminhos levam inevitavelmente para a morte em diversos sentidos e níveis.

1,2 - 0 ponto de partida da vida cristã é o amor a Deus, a si mesmo e ao próximo. A medida do amor ao próximo é a mesma do amor que se tem para consigo mesmo. E todas as pessoas, até mesmo os inimigos, são indistintamente o próximo. O amor aos inimigos mostra a originalidade, a radicalidade e gratuidade do amor cristão. Isso não significa que os cristãos não têm inimigos, e sim que eles não são inimigos de ninguém.



1,4 - 0 cristão não age por simples impulso instintivo. Diante da violência, ele não responde com outra semelhante, mas com a violência maior do amor, que é capaz de desarmar o violento. A proibição no final do versículo se refere ao empréstimo ao pobre, que poderia passar necessidade se tivesse de devolver (cf. Dt 24,10-13).

1,5 - Deus dá os bens da vida para serem repartidos entre todos. Por isso, o cristão é capaz de partilhar seus bens com aqueles que não têm. Quem recebe deve ter discernimento, pois o espírito de partilha não deve ser usado como pretexto para acumular ou desperdiçar. Toda contribuição social deve reverterem beneficio do bem comum e não em privilégio daqueles que manipulam a máquina social.

1,6 - Não basta ajudar materialmente o necessitado para desencargo de consciência. É preciso entrar em comunhão, participando de toda a situação do pobre, porque nem sempre a ajuda material é o aspecto mais importante. O grande desafio é acabar com a pobreza, e não simplesmente conservar os pobres como ocasião de fazer caridade.



Capítulo 2



2, 1 a 7 - É uma espécie de recapitulação e ampliação das consequências do Decálogo, retomando o mandamento do amor ao próximo (1,2). O relacionamento interpessoal é enfocado a partir da integridade e veracidade em relação aos outros. As diversas normas podem ser resumidas em três grandes linhas: o respeito à vida, aos bens e à fama do próximo. Tais normas não devem ser compreendidas apenas em si mesmas; elas pressupõem o clima fundamental da vida cristã, que exige fraternidade e partilha (cf. 1,5). O que se requer em primeiro lugar não é a bondade, mas a justiça.



Capítulo 3



3,1: Principio geral: evitar o mal que, a seguir, é apresentado como conseqüência do egoísmo, da falta de auto-controle e da ambição.

3,2 e 3 - Homicídio e adultério têm suas respectivas raízes na falta de auto-controle e na cobiça. Cobiçar não é simplesmente desejar, mas fazer planos e armadilhas para se apropriar daquilo que se deseja.

3,4 - Idolatria é a manipulação do sagrado ou de alguma coisa que é apresentada como sagrada, em vista dos próprios interesses. Essa é a magia que as pessoas usam para conseguir poder e dominação sobre os outros. A pessoa que tem poder acaba acreditando e fazendo os outros acreditarem que ela é absoluta e divina. Essa é a raiz de todo o processo de dominação e opressão religiosa ou política.

3,5 - A mentira oculta uma verdade, à qual o próximo tem direito. Essa ocultação visa os interesses de alguém: dinheiro, prestigio, fama. Ao lado do poder, a riqueza é o outro grande ídolo. Se o poder-dominação é roubo da liberdade, a riqueza é roubo dos bens a que todos têm direito.

3,6 - Blasfêmia é dizer que o projeto de Deus é mau. A murmuração, a insolência e a mente perversa levam à dúvida, à reclamação e, por fim, à blasfêmia. Cf. Ex 16,1-3.

3,7-9 - Desde o inicio de sua existência, a comunidade cristã é convidada a optar pelas pobres, pois são eles que buscam e podem realizar a justiça que Deus quer. Todas as qualidades aqui apresentadas pertencem aos pobres e justos que acreditam no anúncio do Evangelho e lutam pelo reino da justiça. Sua força não vem das armas, mas da violência do amor que persevera, certos da promessa de que os mansos receberão a terra como herança.

3,10 - O cristão sabe que a vida e a história obedecem em primeiro lugar ao projeto de Deus, que quer a vida para todos. Por isso, ele é sempre levado a buscar o significado profundo dos acontecimentos, para além de nus caprichos e interesses imediatos.



Capítulo 4



4,1-14 - Centralizada no amor a Deus e ao próximo, a vida cristã é essencialmente uma realização essencialmente, onde tudo é partilhado fraternalmente.

4,1 - As comunidades ainda não conhecem os Evangelhos escritos. O Evangelho é uma palavra viva, preservada anunciada por pregadores itinerantes, que servem as comunidades e, ao mesmo tempo, dependem delas.

4,2-3 - A comunidade é o ambiente vital dos cristãos, onde eles partilham a vida e encontram apoio para perseverar. Sendo ela mesma o valor máximo, a comunidade deve ser preservada de qualquer divisão, que provém principalmente da competição pelo poder, da busca de privilégios e de sectarismos. A preocupação com a reconciliação é um dever de todos, e supõe imparcialidade quando aparecem conflitos.

4,4-8 - A comunidade cristã reconhece que tudo o que ela é e possui é dom de Deus. Ao mesmo tempo, desde a sua origem, ela se voltou para acolher os pobres e marginalizados. Ora, estes dependem estritamente do espírito de dom e partilha. O importante é que na comunidade o espírito de posse é totalmente superado pelo conceito de necessidade do uso e partilha Deus dá tudo, para que todos repartam tudo, segundo as necessidades de cada um. Viver em comunidade, portanto, supõe que cada um confie plenamente no dom de Deus, libertando-se da preocupação individual e calculista com o amanhã (v. 4).

4,9 - Viverem comunidade supõe educação para isso. E o ponto fundamental é a instrução no temor de Deus. Não se trata de ter medo de Deus, mas de reconhecer que Deus é o Senhor e doador da vida, e seu projeto é que todos repartam a vida entre todos. A educação cristã começa por aqui, mostrando para as pessoas que elas não são auto-suficientes e independentes, mas interdependentes, complementando-se mutuamente na partilha do que cada um é e tem.

4,10-11 - O projeto de Deus é a fraternidade, que desfaz toda e qualquer desigualdade entre as pessoas, para formar a grande família humana. Isso não quer dizer que as pessoas se tornem idênticas; cada um é original e tem sua função própria dentro da sociedade, em proveito do bem comum. Função diferente não quer dizer que uma pessoa seja mais que a outra ou que tenha mais direitos e privilégios, em vista do que é, do que faz ou produz. Todos são necessários e todos têm direito ao necessário para viver dignamente. O v. 11 mostra que as comunidades nascentes ainda não tinham consciência de que o Evangelho exige transformações estruturais para acabar com a desigualdade e a exploração. Todos devem ser respeitados, porque todos são imagem de Deus.

4,12-13 - Defender uma doutrina sem se preocupar com a prática é hipocrisia, um dos grandes males que ameaçam a comunidade. Por outro lado, guardar os mandamentos não é simplesmente repeti-los de cor, mas fazer o que eles ordenam. Trata-se certamente do mandamento de amar a Deus e ao próximo.

4,14 - A confissão aqui não aparece como sacramento juridicamente estruturado. Provavelmente, os cristãos declaravam meus pecados em comunidade, e esta era responsável pelo perdão. Para que a comunidade esteja viva são necessários a confissão e o perdão, que abrem sempre a possibilidade de se converter ao projeto de Deus. A oração autêntica é feita dentro do projeto de Deus e em vista da sua realização (Cf. 1Jo 5,14).



Capítulo 5



5,1-2 - Se o caminho da vida é temer a Deus e amar a Deus e ao próximo; a caminho da morte é o contrário: começa com a ausência do temor de Deus. Sem esse temor, o homem se coloca no lugar de Deus e passa a se julgar como centro e senhor da vida, dispondo de tudo e de todos sem amenor consideração pela vida e liberdade se seus semelhantes. Quando o homem usurpa o lugar de Deus, cria automaticamente o projeto da escravidão e da morte. A lista de vicios e pecados testemunha a monstruosidade da auto-suficiência.



Capítulo 6



6,1-3 - É a conclusão da primeira parte, exortando ao discernimento para não desfigurar o caminho da vida cristã. 0 jugo do Senhor é, provavelmente, o Evangelho vivo, que está representado nesta primeira parte. Não se trata, porém, de imposição, mas de proposta e convite a serem aceitos na medida da possibilidade de cada um. A perfeição deve ser entendida aqui como integridade. 0 v. 3 se refere às disposições tomadas no Concílio de Jerusalém (Cf. At 15,29).



Capítulo 7



Cap. 7 a 10 - É um antigo ritual litúrgico com instruções para administração do batismo (7), sobre o jejum e a oração (8) e sobre a celebração eucarística (9 e 10).

7,1-4 - Nesse tempo, a administração do batismo era feita depois de uma etapa de catequese (‘depois de ditas todas essas coisas"), representada certamente pelos capítulos 1 a 6. Antes da cerimônia, fazia-se um jejum, do qual participavam o batizando, aquele que batizava e outras pessoas que pudessem. A cerimônia propriamente dita era realizada em comunidade. O ritual é simples e se reduz ao batismo com a água e à invocação da Trindade.

A menção de diversas possibilidades (vv. 1-3) faz supor que o mais usual era a imersão em água corrente (rio), ou em outra água (piscina, reservatório). Na impossibilidade disso, bastava derramar três vezes água na cabeça do batizando.

A instrução e o jejum mostram que o batismo era administrado somente para as pessoas adultas. A administração do batismo parece não estar restrita a um ministro especial.



Capítulo 8



8,1-2 - Oração e jejum são duas práticas intimamente ligadas. O jejum lembra à pessoa que existe uma fome maior, que só a vinda do Reino de Deus pode satisfazer. A oração mantém a pessoa aberta para o projeto de Deus e consciente dos pedidos essenciais, para que esse projeto se realize.

O povo desnutrido que passa fome está fazendo jejum contra a sua vontade e, ao mesmo tempo e por causa disso, erguendo o seu clamor para que venha o Reino, a fim de que este, com sua justiça, o liberte de todas as fomes.

Capítulos 9 e 10



Cap. 9 e 10 - A Eucaristia aqui mencionada diverge bastante do rito eucarístico que hoje conhecemos. Talvez não existisse uma fórmula fixa de celebração. O texto deixa claro que a Eucaristia era celebrada dentro de uma refeição comum, que podia ser participada unicamente pelos batizados, isto é, por aqueles que, após a instrução, se haviam comprometido com o projeto de Jesus. Destaca-se também o aspecto da Eucaristia como sacramento de unidade da Igreja (9,4 e 5,5). A observação de 10,7 mostra o ritmo da celebração, que era bastante livre e participativo.



Capítulo 11



Cap. 11 a 15 - Disposiç5es sobre a vida comunitária, com especial atenção para com a hospitalidade e o discernimento dos verdadeiros pregadores (11 e 13), o culto (14) e a organização (15).

11,1-12 - Segundo a Didaqué, as comunidades da Igreja primitiva conheciam os apóstolos, os profetas e mestres. Difícil saber a diferença entre eles, pois parece que a função dos três era anunciar o Evangelho e ensinar. Por outro lado, a insistência na hospitalidade para esses três tipos de pessoas indica talvez que eles exerciam seu ministério de maneira itinerante, visitando as diversas comunidades. Uma das principais dificuldades era distinguir o verdadeiro do falso pregador. Para isso, a comunidade chegou a diversos critérios para reconhecer o verdadeiro pregador: ensinara justiça e o conhecimento do Senhor (v. 2), falar sob inspiração (v. 7), viver como o Senhor (v. 8), praticar o que ensina (v. 10). O falso pregador é aquele que explora a comunidade (v. 5-6.9) e não pratica o que ensina (v. 10).

O respeito pelos pregadores é muito grande, pois nesse tempo a comunidade dependia deles para conhecer o Evangelho. De certa forma, podemos dizer que o pregador, através de sua palavra e vida, era a personificação viva do Evangelho. Porque os Evangelhos que hoje conhecemos eram escritos que circulavam somente em algumas comunidades.



Capítulo 12



12,1-5 - A comunidade cristã vive o clima da fraternidade e da partilha e, por isso, está sempre aberta para acolher aqueles que necessitam de ajuda. Isso, porá», pode tornar-se ocasião para que aproveitadores explorem a boa vontade da com unidade, O discernimento deve atingir também outras áreas de exploração, para que a comunidade não aja manipulada em favor de interesses alheios ao projeto de Jesus. Não basta ser bom: é preciso ser justo e ter muito bom-senso.



Capítulo 13



13,1-7 - O pregador ou agente de pastoral, que emprega todo o seu tempo na evangelização, fica por isso mesmo dependendo das comunidades para sobreviver. Sua situação equivale à dos pobres. Toda comunidade deve preocupar-se não só em sustentar seus agentes, mas também dar-lhes possibilidade para que, de fato, possam prover às necessidades da evangelização.



Capítulo 14



14,1-3 - A Eucaristia é a celebração da fraternidade. Para que ela não seja profanada no seu significado profundo, exige-se reconciliação, não só no momento do culto, mas na vida concreta. Sem isso, o culto não tem sentido.







Capítulo 15



15,1-2 - A Igreja nascente viu-se logo diante dois modelos de comunidade. O primeiro era a comunidade palestinense, mais ligada à tradição, e onde estavam presentes os apóstolos e presbíteros. Na Didaqué, as figuras dos apóstolos, profetas e mestres parecem lembrar esse tipo de Igreja, de modelo judaico, onde também encontramos os sacerdotes, profetas e mestres de sabedoria, O outro modelo de Igreja nasceu fora da Palestina, e era muito mais voltado para a missão e as necessidades que daí surgiam. Esse segundo tipo de Igreja logo teve necessidade de servidores para a comunidade (diáconos) e de supervisores para as diversas comunidades (bispos), escolhidos em clima democrático.

Toda comunidade vive na tensão entre a tradição e a missão. Tradição significa ser fiel ao compromisso com o projeto de Jesus, e a misto significa encarnar esse projeto, respondendo aos desafios de cada tempo e lugar. Essa tensão se resolve quando mantemos um olho no Evangelho e o outro na vida.

15,3 - 0 cimento da vida comunitária é a correção mútua, feita com espírito fraterno. Perdoar-se e reconciliar-se mutuamente é o sacramento básico, porque não é bom viver sozinho, como não é fácil viver junto. De tal modo isso é importante que a comunidade deve ser implacável: isolar completamente quem ofendeu o próximo, até que ele aprenda na própria pele a necessidade da reconciliação.

15,4 - A vida cristã tem na sua frente o Evangelho em exprime como oração (ligação com Deus), esmola (socorro imediato ao próximo necessitado) e ação (transformação da sociedade pecadora na comunidade fraterna que Deus quer).



Capítulo 16



16,1-8 Os cristãos vivem continuamente à espera que se manifestem Jesus e o seu projeto. Isso se realizará totalmente no fim da história. Contudo, é através do momento presente que esse final vai sendo pouco a pouco construído. É essa a esperança que produz perseverança.

16,1-2 - Jesus chega no momento em que a comunidade está colocando em prática o projeto dele. Por isso, a comunidade se reúne para discernir o modo como irá realizar o projeto de Jesus, respondendo aos problemas e desafios do ambiente em que ela vive.

16,3-5 - A comunidade vive na história em constante prova de fogo, porque deve enfrentar projetos contrários ao de Jesus. Muito se apresentam semeando a injustiça, a desigualdade e o ódio, com todas a conseqüências que daí provêm. Por isso o testemunho cristão se faz em meio a conflitos e lutas, e a comunidade deve estar sempre discernindo, para fazer a coisa certa no momento certo. A união e a solidariedade são necessárias para evitar o desespero e o desânimo.

16,6-8 - É através do testemunho cristão que, pouco a pouco, aparecem os sinais da verdade. A abertura no céu permite que os cristãos compreendam o que acontece na história, porque são capazes de ver com os olhos de Deus. Então compreendem que o julgamento (toque da trombeta) se realiza através do testemunho. E quem testemunhar até o fim terá o mesmo destino que Jesus: a ressurreição. Fica então claro que a ressurreição é para os justos, isto é, para aqueles que se comprometem com Jesus e seu projeto. É desse modo que Jesus aparecerá vitorioso, e o projeto de Deus estará completamente realizado: liberdade e vida para todos através da fraternidade e partilha.